Dia de Vender na Praia

Um pensamento comum de morador de grandes cidades, é achar que um vendedor ambulante de praia é a penúltima opção de vida na escala social da sobrevivência . Porém este conceito não se encaixa para pequenas cidades turísticas litorâneas.        

Sem alternativas de indústria ou produção agrícola, a economia destes lugares gira em torno da praia e sua demanda turística, aos serviços e infra-estrutura comercial originários dela. 

Trabalhar na praia, principalmente no verão, é quase que uma obrigação da comunidade local. Todos se beneficiam deste comercio direta e indiretamente para atender a leva de turistas que invadem a cidade  no verão ou em época de feriados.

Mas não é tarefa fácil o trabalho na praia.

Podemos começar com o calor intenso e o desgaste físico. Não é para amadores, pois o corpo precisa estar acostumado com estes desafios. E isso não é aprendido de uma hora para outra, é necessário um estágio de adaptação  pra se avaliar e se acostumar com o batidão. Calor intenso, sede e dificuldade de se hidratar, areia quente queimando os pés, falatório por todos os lados e ainda ter que ter atenção total tanto na venda em si, quanto na maneira de preservar os produtos e não errar troco.

Venda direta na praia exige habilidade e criatividade. O sucesso depende de conquistar  confiança, criar relacionamentos e empatias e saber apresentar o diferencial do seu produto entre varias opções também oferecidas por outros vendedores. Cada turista é uma pessoa com diferentes histórias. Um vendedor de verdade usa este conhecimento e adapta seu discurso  para cada tipo de público, principalmente numa praia lotada de pessoas vindas de diferentes lugares. 

Neste contexto, a emoção vende mais do que a lógica: um cliente compra quando  sente confiança e empatia, e não apenas quando está somente precisando daquilo que você oferece. Algo importante, que só o tempo pode proporcionar, é saber qual tipo de turista frequenta este ou aquele local na extensão da praia. Mapeando este aspecto, o atendimento direcionado a quem já conhece seu produto é facilitado e dá agilidade para a sua conclusão de metas.    

Agora, na real, as coisas não são tão simples assim. A vida sempre traz variações sobre o mesmo tema, e o momento de cada pessoa molda suas atitudes e soluções. Na praia, os vendedores são tão diversos quanto os banhistas. Há os simpáticos, os mal-humorados, os insistentes, os impacientes e todo um leque de personalidades. Mas, no fim do dia, encontram seu jeito de vender seus “peixes” – ou, no caso, seus milhos, sorvetes e cangas.

Vendo de um ângulo mais amplo, é essa multidão colorida, curiosa e falante que dá vida à praia. São as pessoas, com seus interesses variados e suas histórias únicas, que fazem daquele cenário algo muito além de apenas sol e mar.

No final das contas, todos nós deixamos diferentes impressões por onde passamos. Seja como vendedores, turistas ou apenas observadores, cada interação é uma troca que acrescenta algo novo em nosso repertório. E no calor do verão, entre um grito de “olha a tortinhaaa” e uma venda bem-feita, todo mundo acaba encontrando seu espaço na areia.

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

error: Conteúdo Protegido!