
Na prática da escrita, ganho profundidade na percepção do mundo, na habilidade de articular idéias e sentimentos que muitas das vezes estavam inatingíveis.
Cada texto que escrevo representa um passo adiante na história da minha caminhada, um registro do meu progresso e um testemunho das transformações daquilo que eu era para o que estou me tornando.
Encontro novos significados às memórias, enquanto crio o futuro e a narrativa da minha própria vida.
Não espero nem que a minha arte ofereça todas as respostas – apenas que continue fazendo as perguntas certas.
Grace Hartigan

Super-Homem andando na Praia
Uma manhã de um dia de verão, pleno janeiro, praia lotada prá variar. Famílias em desespero, crianças correndo, picolés derretendo, adultos se hidratando com cervejas e o espaço da areia literalmente ocupado por milhares de barracas. Monte de gente, e cada um aproveitando a praia a sua maneira. Nisso eu vejo uma figura se destacando de todo este contexto. Figura que parecia ter saído de um filme alternativo, desses que misturam nonsense com uma dose de ficção em quadrinhos. Vinha caminhando solitariamente pela beira do mar. Era um homem de meia idade, um desses com um sobrepeso avantajado, podemos considerar. Até porque isso fazia parte da cena insólita. Um homem de meia idade, barrigudo, com passos calmos e expressão de quem estava pouco se importando

A Luz se Fez
A Luz se Fez. Mas num primeiro momento, não foi uma luz suave e acolhedora. Ela veio intensa, reveladora e avassaladora. Rasgou véus, desfez ilusões, iluminou tudo aquilo que não queríamos encarar. A Luz mostrou o quanto da vida era na verdade treva, disfarçada e sustentada por mentirosas ilusões. Não apenas nos noticiários ou nas conversas de rua, mas dentro de cada um de nós existe uma revolta silenciosa pelo estado atual das coisas. Uma revolta que não quer destruir tudo que nos cerca, mas que nos pede atitudes firmes para poder acontecer uma reconstrução profunda das nossas percepções. Ela nos tira da frieza e do não envolvimento com as absurdas situações que acontecem ao nosso redor. Nos convoca a reagir e a assumir nosso

Onde moram os livros, Crescem Pessoas
Uma família com 4 filhos, entre 12 e 7 anos, morando num pequeno apartamento de dois quartos em uma grande cidade. Não moravam em um bairro decadente, pelo contrário, ali se respirava vida e era cheio de contrastes, multidão e barulho do já caótico transito. Espaços de verdade, somente como opção a rua e a praia. Claro que os conflitos entre irmãos seriam inevitáveis. O que seria possível fazer com eles? Copacabana já era um bairro super povoado. Prédios Colados um no outro, sem espaços entre eles para o sol entrar ou o vento correr solto. Maioria construída na década de 30/40, com todo tipo de comércio, bancos, consultórios médicos e um monte de gente andando pelas ruas. Lugar disputado para idoso morar. Acabava sendo

O Gesto que revela
Ela tirou os óculos com a precisão de quem sabe o efeito que causa. Não havia pressa, nem qualquer afetação. Apenas uma naturalidade lapidada com o tempo, como uma dança que se dança sem nunca parecer ensaiada. Seus dedos, longos, delicados, deslizaram pelas hastes com uma leveza que fez o mundo ao redor diminuir o volume. Havia algo em seu olhar, ainda meio velado atrás das lentes, que prometia histórias mais profundas do que o trivial. E então, com um movimento quase ritual, ela lentamente os retirou. Foi como assistir o instante exato em que o dia se torna noite: não se sabe quando acontece, mas é impossível não perceber. Aquele olhar nu, desprotegido, direto, me atravessou como uma suave luz. Dessas que acendem e

Travessia do Grande Mar
O mar sempre foi o grande mistério Imensidão onde acontecem coisas que ninguém acredita. Coisas que somente uns poucos que se aventuraram ao largo viram. Até usamos o termo “conversas de pescador” para falar destas histórias que beiram ao inacreditável. Quer melhor contador de histórias do que um velho marinheiro que tenha navegado pelos sete mares? Você já viu uma sereia? Já enfrentou um mar em fúria? Você já presenciou objetos luminosas emergirem de dentro do mar e saírem voando em alta velocidade? Uma vez vi um tubarão enorme, tão grande que mordeu e arrancou um pedaço da popa do barco, tão grande quanto um megalodon! Acordei em frente à uma passagem entre montanhas. Nas laterais tinham estátuas de tamanhos colossais e eu soube, de

A Luz se foi
Meu pai (geração dos anos20) considerava o acesso a luz elétrica como uma prova de progresso na vida, um símbolo. Sempre disse que passou a infância toda convivendo com a escuridão, e que ele achava quase um milagre ter acesso a luz elétrica à noite. Quando criança, presenciei o hábito dele acender todas as luzes da casa, sem necessidade imediata de tanto. A justificativa era a mesma – passei muito tempo vivendo no escuro. Me lembro de passar férias na pequena cidade onde ele morou na infância, no Sul de Minas. Quando a noite chegava, a luz da cidade ainda era suprida por uma estação à base de gerador diesel, que desligava no meio da noite, por volta das 20 hrs para economizar combustível. Toda a

Desenhando na Areia
Quando criança, aprendi que desenhar nas paredes de casa poderia ter como consequência, levar algumas palmadas.Depois aprendi que espalhando tinta no chão, eu poderia ganhar uma pequena surra. Desenhar na porta do armário tinha seu encanto, mas também sobrava tapaiada pra todo lado. Que eu me lembre, podia até usar um papel, mas sentia que faltava algo, pois sempre era de um tamanho limitado e não tão desafiador assim. Então descobri um local muito legal pra desenhar. Um lugar gigante, que aceitava qualquer maluquice que eu fizesse. Não podia usar tinta, dava até pra digerir isso porque outra limitação não rolava. Quando eu desenhava, se formavam umas sombras e uns relevos diferentes e únicos, e ainda podia ser do tamanho que eu quisesse. Por que

Reset sua Mente: O segredo para romper Limites!
A cada manhã, você roda um conjunto de padrões mentais já conhecidos, testados e repetidos inúmeras vezes. Esses hábitos e crenças, embora tragam previsibilidade e segurança, também funcionam como barreiras invisíveis, limitando sua capacidade de expansão. Tudo o que possuímos nos define, mas também nos restringe. Qualquer ferramenta tem um alcance máximo – ela só permite ir até onde foi projetada para chegar. No entanto, ao contrário das máquinas, somos potencialmente ilimitados. A ciência reconhece que a própria existência da vida é um evento improvável. Deus nos criou como algo extraordinário, um corpo e uma alma que desafiam a lógica, os limites e as possibilidades compreendidas até este momento.. Mas, paradoxalmente, nos prendemos mentalmente a estruturas previsíveis: acordamos no mesmo horário, seguimos os mesmos hábitos e

Dia de Vender na Praia
Um pensamento comum de morador de grandes cidades, é achar que um vendedor ambulante de praia é a penúltima opção de vida na escala social da sobrevivência . Porém este conceito não se encaixa para pequenas cidades turísticas litorâneas. Sem alternativas de indústria ou produção agrícola, a economia destes lugares gira em torno da praia e sua demanda turística, aos serviços e infra-estrutura comercial originários dela. Trabalhar na praia, principalmente no verão, é quase que uma obrigação da comunidade local. Todos se beneficiam deste comercio direta e indiretamente para atender a leva de turistas que invadem a cidade no verão ou em época de feriados. Mas não é tarefa fácil o trabalho na praia. Podemos começar com o calor intenso e o

Um pedido irrecusável
Falar sobre Deus sempre foi difícil, sempre complicado por conta dos ensinamentos disseminados pelas diversas religiões que se dizem donas das maiores e milenares verdades. Mas podemos pensar em uma coisa: se Deus é onipresente, onipotente e criador de tudo, Ele não deve estar distante, em um lugar inacessível, mas provavelmente dentro de nós e em tudo que está à nossa volta. Se convivo com sua presença, então posso conversar com ele. Como seria isso possível? De que maneira eu poderia me dirigir a sua presença e conseguir obter respostas às minhas indagações? Das infinitas maneiras de Deus se comunicar conosco, muitas pessoas acreditam que as experiências da vida são algumas das formas mais profundas e significativas dessa comunicação. Qual a mais importante? Quem a vida

Relacionamento serve pra quê?
Mosteiro de Samye – De 8 a 765 d.C, Tibete Mestre, o relacionamento com as pessoas é necessário? Ah, querido buscador da verdade, a necessidade de nos relacionar é uma das essências mais profundas da experiência humana. Desde o início da existência, a conexão com o outro tem sido um caminho para o autoconhecimento e a evolução espiritual. Cada ser que cruzamos em nosso caminho é um espelho que reflete partes de nós mesmos, revelando nossas virtudes e nossas sombras. Mas mestre, porque sempre acabamos em confusão e mal entendidos? Todos nós temos muito o que aprender sobre amor, compaixão e perdão.É através das interações que aprendemos sobre tudo isso, inclusive sobre a dor. Cada conversa, cada assunto tocado, cada olhar trocado, é uma oportunidade

Astronauta tem espaço na Estação Espacial?
Eu era apenas um menino, ainda imerso nas fantasias da infância, quando minha mãe me acordou no meio da noite com uma frase que, sem eu saber, se transformou em algo bem especial: “Vem ver o homem pousar na lua.” Levantei, ainda sonolento, sem compreender completamente a magnitude do que estava prestes a ver. Ao entrar na sala, a televisão exibia o módulo lunar pousado, e logo vi um astronauta descendo uma escadinha, saltitando em direção à superfície lunar. Minha mãe estava ligada na TV, os olhos brilhando com a emoção do momento, e repetia, vez e outra, a frase “O homem chegou na lua…” (não entrarei na polêmica sobre a possibilidade de tudo ter sido simulado em estúdio). Para mim, aquilo parecia um acontecimento

Violeiro na Praia
Minha vida é andar por esse país, Pra ver se um dia eu descanso feliz Guardando as recordações. Das terras por onde andei …. Sempre que vem a figura de um violeiro, me lembro dessa musica do Luiz Gonzaga, grande xará meu. É a imagem de um musico que ralou muito, criou música inesquecíveis, fez show em todo tipo de ambiente, e lidou com todo tipo de público. Têm minha admiração. Na praia do Forte, no verão aparecem uns violeiros. Eles se apresentam numa configuração nordestina, por conta do já conhecido chapéu de cangaceiro, a roupa brega e descombinada, camisa listada indo prum lado, calça marrom indo pra outro, todas bem usadas e gastas. Uma imagem perfeita de filme sobre o nordeste, aquela carência de recursos,

Velhinha da Latinha
Chega o verão em Cabo Frio, a praia explode com o fluxo de turistas. Isso significa também que aumenta a quantidade de lixo e de coisas descartadas na areia da Praia do Forte. Nessa época desce pra praia uma massa de catadores de latinha, de todas as faixas etárias e vindos de diferentes localidades. Acaba sendo uma atividade fundamental para reforçar o caixa de muitos e a cidade conseguir manter a praia limpa, pelo menos limpa de latinhas (sem precisar de prefeitura…). Alguns turistas não entendem a função desses catadores e se sentem incomodados com a presença deles. Até entendo, porque o nível de educação dessa galera não é dos melhores, mas é só ficar atento e deixar que façam o recolhimento das latas que